duas caras

O bifronte falava mal de beltrano para fulano, de fulano para sicrano e de sicrano para beltrano.

Como fulano desgostava de beltrano que malquistava sicrano que se indispunha com fulano, todos se contentavam com os maldizeres do bifronte.

O contentamento de todos se tornava maior quando o bifronte enaltecia beltrano para beltrano, fulano para fulano e sicrano para sicrano.

Nesse jogo perigoso, as línguas das duas faces do bifronte acabaram se encontrando. No agito de serpentear “verdades” de um pra outro, de outro pra um, prenderam-se em nó.

A mudez do bifronte suscitou um vazio incompreensível em fulano, beltrano e sicrano. Sem nada a perder, decidiram fazer as pazes, mas não faziam ideia por que estavam brigados.

Osvaldo Júnior
Enviado por Osvaldo Júnior em 21/05/2024
Reeditado em 21/05/2024
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