duas caras
O bifronte falava mal de beltrano para fulano, de fulano para sicrano e de sicrano para beltrano.
Como fulano desgostava de beltrano que malquistava sicrano que se indispunha com fulano, todos se contentavam com os maldizeres do bifronte.
O contentamento de todos se tornava maior quando o bifronte enaltecia beltrano para beltrano, fulano para fulano e sicrano para sicrano.
Nesse jogo perigoso, as línguas das duas faces do bifronte acabaram se encontrando. No agito de serpentear “verdades” de um pra outro, de outro pra um, prenderam-se em nó.
A mudez do bifronte suscitou um vazio incompreensível em fulano, beltrano e sicrano. Sem nada a perder, decidiram fazer as pazes, mas não faziam ideia por que estavam brigados.