Quarto bege
A lâmpada do meu quarto queimou e não quero trocar, estou no breu total da existência, dificilmente irei voltar a luz caótica que mundo cotidiano proporciona, sigo fugindo do barulho mesquinho da Vida e nego-me a falar o óbvio. Minha mão trêmula se esforça para manter firma minhas palavras, mesmo que as Letras estejam cambaleando. Quanto tempo dura essa sensação cansada de decepção?
Um dia, uma vida ou alguns tecos no cigarro? Quero ficar aqui olhando a parede bege que não enxergo, está escuro e não quero clarear minha cabeça e viver ilusões que apenas eu acredito. Deixe-me sem banhar meu gordo e patético corpo que meu cabelo já emaranhado se misture com as sombras e que minha pele se funda com minha cama, estou cansada por fingir me saciar com pouco. Minhas pupilas não reagem e meu corpo está coberto de poeira atemporal.