Pátria Amada Brasil
Ele é primo de alguém, fiquei sabendo. Estávamos conversando animadamente, tomando cerveja. Em princípio, quatro ou cinco. Sob os mais variados pretextos, foram saindo. Um a um. Ficamos no portão, apenas ele e eu. Lá dentro aumentaram o som da música. Uma combinação medíocre de letra e melodia que hoje se vende como "sertanejo". Descobri rapidamente porque me largaram com o sujeito. Era um "chato de galocha". Como não parava de abrir e fechar a boca, resolvi prestar atenção ao que dizia. Talvez estando eu calado o vencesse pelo cansaço, mesmo que isso naquele momento parecesse impossível.
- Estive na Alemanha duas vezes. A empresa mandou a gente pra fazer cursos. As novas máquinas são importadas de lá. Olha, aquilo que é povo desenvolvido... Só vendo... Coisa de louco - disse enquanto fumava um cigarro.
- É mesmo? - respondi com desinteresse.
- Ô! Precisa ver o sistema de coleta de lixo deles. E a reciclagem, então... Lá tudo funciona perfeitamente. Tudinho! Transporte, segurança, saúde. Pensa numa sociedade organizada...
Uma última tragada, e jogou a guimba do cigarro na sarjeta. Lançou a fumaça ao ar, fazendo uma careta confiante:
- Isso que eu fiz agora... (apontou a bituca ainda esfumaçando). Isso, lá, não se vê de jeito nenhum... Multam, na certa!
Imediatamente pedi licença e entrei na festa. Aquilo só poderia ser uma espécie de "pegadinha". Lá dentro, pelo menos, apesar de torturante, a música muito alta não dava margem à conversa fiada.