Findo Amor
Na tarde serena a chuva caía mansa
Pela vidraça ela olhava a rua
Observava os pingos escorrendo no vidro
Qual as lágrimas que rolavam por seu rosto
Em seu coração um turbilhão
Em nada se parecia com a tranquilidade lá fora
Onde se perdeu tudo que vivera um dia?
Onde se perdeu o amor, a paixão?
Todo o desejo que um dia os conduzia?
Tantos anos compartilhando tudo.
Os pequenos e os grandes prazeres.
Os segredos, as vitórias, os fracassos.
Nas fotos, em cada objeto, por toda a casa as lembranças.
Fizeram história pela vida afora. Tantos anos!
Cada viagem, cada dificuldade, cada vez que se ampararam…
Cada vez que se amaram com tanto amor, frenesi e desejo.
Cada beijo, cada abraço, cada risada, cada toque que arrepiava.
Onde se perdeu todo o amor e prazer?
Onde se tornaram apenas indiferença?
Dias de tanta luz se transformaram em escuridão.
O desejo de ficar colados se transformou em distância.
Por que as lágrimas insistem em cair se já não havia nada?
Por que chorar se descaso foi tudo que sobrou de tanto amor?
Chora talvez o fracasso do que julgou que seria eterno.
Onde estaria ele agora?
Será que um dia vai encontrar alguém que o amará com tanto zelo?
Vai cuidar do seu novo amor com tanto carinho como cuidou dela?
Será que vai ter um novo amor que a amará intensamente como ele?
Será que conseguirá amar alguém tão profundamente como o amou?
Ela seca as lágrimas.
Olha mais uma vez a chuva e a vida lá fora.
Dentro dela a vida continua.
E como tudo passa, esta fase também vai passar.
Amanhã o olho voltará a brilhar, o sorriso vai iluminar seu rosto.
O coração vai ficar leve e um dia vai voltar a pular no peito.
A vida vai continuar a pulsar, a felicidade presente…