A Garota de Programa

Suzana era a garota de programa que mais faturava naquela cidade. Não era muito mais bonita que as outras. Beleza não era o seu diferencial. O que a fazia ser tão procurada pelos mais diversos tipos de homem era o fato de que ela não recusa clientes, nenhum. O homem podia ser feio como o cão ou velho feito um Matusalém; ela tratava a todos da mesma maneira. Antes do atendimento, exigia apenas que tomassem uma ducha rápida e, se possível, que chupassem uma bala. Cumpridas essas exigências, a festa estava garantida. Suzana era boa no que fazia: oral babado e sentada forte. Dava até beijo de língua, algo raro na profissão. Não gostava de acariciar o rosto dos clientes, ok, tudo bem. Suzana era boa ouvinte e conselheira. Suzana ria fácil. Suzana aprendera a lidar com as dificuldades desde cedo. Tapara os ouvidos para as críticas. Fechara os olhos para quase tudo. Dizia ser feliz. Suzana era cega, literalmente cega, mas enxergava muito bem.

Renato A
Enviado por Renato A em 04/06/2023
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