A Garota de Programa
Suzana era a garota de programa que mais faturava naquela cidade. Não era muito mais bonita que as outras. Beleza não era o seu diferencial. O que a fazia ser tão procurada pelos mais diversos tipos de homem era o fato de que ela não recusa clientes, nenhum. O homem podia ser feio como o cão ou velho feito um Matusalém; ela tratava a todos da mesma maneira. Antes do atendimento, exigia apenas que tomassem uma ducha rápida e, se possível, que chupassem uma bala. Cumpridas essas exigências, a festa estava garantida. Suzana era boa no que fazia: oral babado e sentada forte. Dava até beijo de língua, algo raro na profissão. Não gostava de acariciar o rosto dos clientes, ok, tudo bem. Suzana era boa ouvinte e conselheira. Suzana ria fácil. Suzana aprendera a lidar com as dificuldades desde cedo. Tapara os ouvidos para as críticas. Fechara os olhos para quase tudo. Dizia ser feliz. Suzana era cega, literalmente cega, mas enxergava muito bem.