3. PENHASCO
Horas mais cedo havia se despedido, sem que soubessem da verdadeira intenção por detrás de seus beijos e abraços oferecidos. Para eles, era apenas Amélia sendo comumente afável. Mas, tarde da noite, por entre a brisa noturna e as árvores da floresta, o cavalo galopava enquanto ela se desfazia de cartas nunca enviadas, jogando-as para o vento. Soluçando, guiando as rédeas pelo caminho arbóreo. Já no destino, deu adeus ao seu animal companheiro, deixando-o ir partir.
No penhasco, os olhos marejados encaravam a lua cheia em todo seu esplendor no céu estrelado. Bem ali, um turbilhão de memórias passou na mente como um filme sendo reproduzido. Uma vida reduzida a nada. E antes que corresse o risco de voltar atrás de sua difícil decisão, andou hesitante para a beirada. Deu as costas para a lua, sem pensar, jogou-se para trás. Em segundos, jazia sem vida, sangue saindo de suas narinas, caída no meio das pedras pontiagudas e mortais; nada além de um corpo morto e contorcido.