Janela fechada.
Pela janela ela via casais passando de mãos dadas.
O pipoqueiro da esquina cada dia mais velho e triste.
Os plátanos formando tapetes dourados no outono e todas as flores colorindo a vida na primavera.
Pela janela ela conheceu o seu amor que jamais a conheceu. Alto e elegante, sempre passava com uma pasta cheia de livros, ela imaginava.
Pela janela ela o viu desaparecer da sua vida. Foi o dia em que o pipoqueiro estava mais triste ainda, e as flores secaram.
E foi assim durante sua vida inteira.
Viveu as vidas alheias qual uma planta parasita, sugando suas energias.
No dia que saiu para sua última morada, a saída foi pela porta.
A janela ficou fechada.
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Jeanne Geyer.