Loucas Horas
A tarde estava fria. A chuva fina e gelada, que até há pouco caía, deu lugar a um sol tímido que preguiçosamente se deitava no horizonte.
Caminhávamos bem próximos tentando nos proteger do frio.
O calor dos corpos e a proximidade vinha nos lembrar do quanto e há quanto tempo nos cobiçávamos.
Juntos no trabalho enfadonho a concentração fugia.
Olhos nos olhos, imaginávamos cenas inconfessáveis.
Luxúria, volúpia nos fazia estremecer sutilmente.
Às vezes nossas mãos se roçavam, nossos corpos se tocavam levemente, imperceptivelmente e o calor do desejo nos elevava às alturas.
Havia entre nós uma uma atração fatal e incontrolável.
Dia após dia a lascívia nos roubava os sentidos.
Permanecíamos impassíveis aos olhos de todos.
Naquela tarde fria, nosso calor roubou nossos sentidos e nossa razão.
Numa urgência incontida nos desviamos do trajeto.
Calmamente nos despimos
Nos admiramos como se fôssemos raras e preciosas pinturas em telas.
Bocas se tocaram num frenesi de paixão.
O toque de pele nos alucinava e calafrios de desejos nos fazia estremecer.
Carícias delirantes nos fazia gemer e desfalecer de loucas vontades.
Nossos corpos se renderam ao arrebatamento do momento e se entregaram.
Corações acelerados na ânsia de se dar.
Convulsões de prazer…
Corpos abraçados em perfeita sintonia…
Momento eternizado…
Desejo saciado…
Não importava se lá fora alguém nos esperava.
Não importava se não houvesse outra vez.
Naquelas poucas e loucas horas vivemos uma vida inteira de paixão e de prazer…
(Obra de ficção e fantasia)