O Coronel e o Cientista
Adentrar-se ao universo solitário e criativo de Louis Daguerre foi um desafio descomunal para o intrépido Coronel Aureliano Buendia. Úrsula alertou o Coronel, para não usar de violência, pois Louis haveria de tirar Macondo do ostracismo e incluí-la na vanguarda científica. Qualquer violência, por menor que fosse, poderia bloquear a mente criativa de Daguerre, reforçou Úrsula, ante a impaciência de Aureliano. Não me incomoda nem um pouco colocar água e comida por aquele buraco, faço isso porque confio neste, neste... Não completou a frase.
Por mais de oito anos, Louis Daguerre trancara-se no cômodo dos fundos da loja de Pietro Crespi, disposto a não sair, enquanto não inventasse uma máquina capaz de enxergar a alma das pessoas, quiçá dos animais.
Após várias tentativas frustradas, finalmente o cientista abriu as portas, para a entrada triunfal do Coronel. Mas homem de Deus, precisa fazer esta barba, sugeriu Aureliano. Louis Daguerre apenas pediu ao Coronel, que ficasse encostado na parede, pois queria experimentar seu invento.
Com o seu daguerreótipo, Louis Daguerre enxergou nitidamente a alma solitária do Coronel Aureliano Buendia.