1159 - O CERAMISTA DE ARGOS E O CAVALO DE TRÓIA
Xákrias foi um famoso ceramista grego que após muito viajar por toda a Grécia Antiga, a procura de bom barro para fazer lindas peças de adorno ou utensílios para diversos usos, fixou-se, finalmente, numa pequena cidade conhecida por ARGOS, situada na península de Peloponeso, ao norte da poderosa cidade-estado Esparta.
Encontrou uma cidade pequena, mas agitada. Argos já era cidade antiga ao tempo em que Xácrias chegara para ficar. Seu nome identificava-a com o mitológico monstro de cem olhos
A escolha de Xácrias foi feita devido a existência de uma grande área de onde era extraído excelente matéria para os ceramistas locais, que, à época da chegada de Xácrias, já era em grande numero na cidade.
Mesmo estando a alguns quilômetros distante da costa, a cidade mantinha um grande comércio de mercadorias que eram remetidas aos navios ancorados no porto.
Xákrias era muito criativo. Estava sempre imaginando e moldando outros objetos, como pequenas caixas ou recipientes para as mais diversas finalidades. O artista não se submetia à produção massiva. Escultura de animais conhecidos, de dragões e bichos mitológicos eram feitos com capricho, os detalhes realçando cada peça assim como estatuetas de deuses e de deidades menores. Aplicava cores cujo segredo ele jamais revelou.
Deliciava-se muito especialmente esculpindo cavalos: em marcha, em repouso, Pégasos e Centauros.
. Xácrias, além de bom ceramista, era viajado e conversador, e logo se tornou amigo de Konstantin, chefe da guarnição militar de Esparta, que dominava a região. Esparta estava em guerra contra outra grande cidade-estado da Grécia Antiga, Troia, uma guerra famosa que é conhecida como a Guerra de Tróia.
Xákrias prosperou no seu oficio e mantinha forte amizade com Konstantin, que também cresceu em sua carreira.
Quando Constantin foi promovido a General Konstantin, Xákrias presenteou o amigo Konstantin com uma pequena escultura: um cavalo com a perna dianteira esquerda levantada. Teria no máximo uns trinta centímetros de altura e o corpo era oco,
A parte superior do corpo, o lombo, tinha uma um orifício quadrado, coberto por uma plaquinha de cerâmica tão bem encaixada que escondia por completo a abertura. . Era, na verdade, um receptáculo para moedas e jóias, que causou admiração de todos e emocionou o novo general.
Passados alguns anos, a guerra entre Esparta e Tróia estava num impasse quando . Xakrias visitou o amigo General Konstantin.
No meio da conversa, Konstantin se queixou ao ceramista:
—Não não temos como vencer a resistência de Tróia. Nosso exército, com mais de 10.000 espartanos, está cercando Tróia há meses. Mas as muralhas são impenetráveis.
Os copos de vinho eram enchidos constantemente. Sobre a mesa, entre os dois, estava a escultura do pequeno cavalo de cerâmica, presente do ceramista ao general, há muitos anos atrás. Um dos lados havia se lascado, formando um orifício através do qual podiam ser vistas jóias e algumas moedas.
O General Konstantin puxou para si a pequena escultura, passando a mão pela área danificada. .
— Eureka! — Sua exclamação foi ouvida até mesmo pelos guardas que vigiavam a porta principal da enorme sala. — Já sei como vamos entrar dentro da cidade de Tróia !
— Usando mais cavalos? — Perguntou Xacrias atônito, pois não conseguiu acompanhar o pensamento de Konstantin.
— Não, amigo. Vamos usar um só cavalo. Mas um cavalo que será especial. Um cavalo gigante.
— Não estou entendendo — disse Xacrias.
— Mas é simples! Um cavalo de madeira. Bastante grande para esconder no seu interior uma vintena de soldados. Deixaremos o cavalo tão próximo quanto possível da muralha de Tróia. Enviaremos mensageiros disfarçados em mercadores, que informarão tratar-se de um presente de Esparta, a fim de terminar a guerra. Um gesto de amizade. O Cavalo vai estar com a barriga cheia de soldados espartanos, do nosso exército. Nossas tropas abandonarão o local e se esconderão atrás das colinas ao sul da cidade. Os troianos recolherão o cavalo para dentro da cidade. Uma vez no interior da cidade, nossos soldados, que estão escondidos dentro do cavalo, sairão, à noite, sorrateiramente. Incendiarão a cidade e abrirão as portas das muralhas. Nossas tropas, que estarão escondidas, atacam ao sinal do incêndio e penetrarão em Tróia
Na tarde daquele mesmo dia, Konstantin levou ao governador de Esparta, chamado Agamenon a ideia do cavalo de madeira para invadir Tróia.
ANTONIO ROQUE GOBBO
CONTO # 1159 - Sitio Estrela - Sopé da Serra da Moeda- Susana- Brumadinho (MG) – 12.11.2021
Resumo do conto # 94-