A chave maldita.
Uma chave nos separa entre o céu de uma cama e o inferno de um solo frio. Condenadas ao tempo, o carcereiro luta, freneticamente, para romper aquele empecilho. As horas voam, a festa acabou, a bebida não veio, os salgados comeram, e a noite não findou. Condenadas ao chão, a chave ri, em voltas macabras, resistindo não abrir o calabouço do repouso de duas almas condenadas.
João Passos
A chave boba
Não era a chave esquecida dentro do carro ou perdida na própria bolsa. Era uma chave que se recusava a cumprir sua função. O atendente do hotel disse que era só um “jeitinho”, mas não teve jeito que desse jeito. A festa, a comida e a bebida eram findas. O sono chegou veloz, devido ao feixe de cana na cabeça! O chão de repente ficou atrativo. Os pertences pessoais e a cama macia estavam lá dentro, separados de suas donas por uma chave boba que só abre quando quer. E ela não quis.
Ao amanhecer, a chave deslizava suavemente na fechadura, sorrindo daquelas bobas, que não perceberam a janela aberta de acesso ao quarto pelo jardim.
Lena Lustosa
Dedico a Euzeni Dantas, companheira de aventuras do tipo: "Coisas que acontecem comigo" kkk.