A VELHA FREGUESA
O Sr. Afonso acordava de madrugada com os galos ainda cantando e com seu carrinho de mão transportava os legumes que cultivava para vender na feira. Mal terminava de arrumar a banca e ela chegava. Já beirando os oitenta anos, D. Maria morava a uns dois quarteirões do mercado e sempre era a primeira a chegar:
- Bom dia, Seu Afonso!
- Bom dia, D. Maria! Já está aqui o seu alface.
A velha senhora saía da banca de seu Afonso e se dirigia à banca de Seu Pedro; lá, ela comprava o coentro e tirava um dedo de prosa; e assim, ela percorria toda a feira; uma coisa aqui, outra ali, até encher a sacola.
Passaram-se os anos, ela já com Alzheimer, continuava sua rotina. Não lembrava mais o que queria comprar, mais cada feirante sabia exatamente o que ela desejava.