O HOMEM INVISÍVEL
Sempre era visto andando por aí com um livro debaixo do braço; quando parava para sentar em algum banco de praça ou nalguma cafeteria, colocava o livro sobre o banco ou sobre o balcão, sempre virado para baixo; ninguém jamais vira a capa de algum livro (ou do livro, pois não se sabia se sempre era o mesmo; apenas disconfiavam), que sempre carregava. Só falava o necessário: bom dia; Boa tarde; Boa noite; um café, por favor; quanto devo; obrigado, etc.
Certa vez alguém já não suportando de tanta curiosidade, perguntou-lhe: Senhor, posso saber que livro está lendo? - ele olhou para o sujeito como quem faz uma rigorosa inspeção: olhou os detalhes do chapéu; do rosto; das roupas; dos sapatos e da harmonia de todo o conjunto. O sujeito sem jeito e todo encabulado, fez menção de sair, quando ouviu-lhe perguntar: Mas, por que me pergunta?
- Desculpe, senhor, foi apenas curiosidade!
- Pois bem, o nome do livro é A Curiosidade Matou o Gato.
Depois desse dia ficou invisível.