O ÚLTIMO CANTO

Era sempre aos domingos, quando a natureza é mais dada. Sentava-se no alpendre da casa do sítio e passava a tentar decifrar o significado do canto dos pássaros. O bem-te-vi, parecia-lhe o mais fácil de interpretar; o rouxinol, também não lhe parecia difícil, a não ser um corroxiado ou outro. Não gostava dos anuns que ,segundo ele, passava a maior parte do tempo, bisbilhotando a vida alheia. Já os sanhaçus, adorava, mas achava o canto exuberante demais em relação ao cinza apagado de suas penas.

Assim, passaram-se os anos.

No leito de morte, arrodeado de parentes, apontou para o teto do quarto e sussurrou:

- Como vieram parar aqui? E esses azuis, como cantam! Que lindos, me chamando...Não posso queridos, estou acamado!