A VELHA APAIXONADA

Ela preparou pombos fritos, arroz branco com pimenta calabresa, alho e cebola, além de farofa de banana, juntamente com a sobremesa de doce de goiaba. Tudo para agradar a Joelmo, o jovem bancário por quem se apaixonara. O problema era a diferença de idade, ela 65 anos, ele apenas 20. Ah, o jovem já desconfiava da inusitada paixão e sempre que podia, se esquivava.

Quando a velha senhora o convidou para jantar no apartamento dela, Joelmo estremeceu, não queria aceitar. Como se livrar do convite? O jantar seria depois da missa, pois ela era muito católica e devota de são Jorge, e isso estava prestes a acontecer. Joelmo decidiu não ir, e tinha apenas uma saída que não era nada convencional e ele não sabia como tudo iria terminar. Mas, aí da assim, pós o plano em ação.

Na hora marcada, a velha senhora, toda sassarica, pôs a mesa e aguardou sua paixão. Usava um vestido decotado, laquê no cabelo e um perfume francês de procedência duvidosa comprado de atravessadores.

A campainha tocou, ela sorriu excitada de emoção, foi até a porta e abriu-a. O sorriso lhe morreu nos lábios, ela tremeu de raiva e decepção, pois quem apertara a campainha fora Bexiga, o mendigo da esquina da rua, usando suas roupas maltrapilhs e sujas. Joelmo o havia convencido a trocar de lugar com ele e ainda lhe pagou dez reais.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 03/06/2022
Código do texto: T7530127
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