Tecnologias... e um Vestido Preto
Ela o conhecia bem. Não o sabia antes, mas conhecia cada detalhe da sua personalidade, especialmente as suas reações. Como quando lhe falava de amor, por exemplo. Aquele indefectível ar de poker face se fixava em seu rosto e ela já intuía que deveria mudar de assunto.
Entretanto, nem sempre havia sido assim. No começo as palavras de amor pairavam em cada encontro, as delicadezas eram infinitas. Flores e bombons faziam parte da rotina dos afagos. Era uma bonita história de amor, ela lembrava. Apesar de todos os carinhos, porém, ele era irredutível em suas opiniões. O que falava era o que valia, como, no jogo do bicho, vale o escrito. Ela a tudo aceitava porque os momentos do amor eram intensos e quentes. A química era perfeita, lhe dizia. E ele se sentia um macho alfa feliz.
Mas o tempo, que exibe felicidades, também mostra realidades. E por acaso ela descobriu que não era 'a única' para ele. Ainda pior que isso foi saber que a técnica usada para as suas conquistas era a mesma. Flores e bombons também foram entregues a outras mãos... muitas delas. Assim era o começo de tudo... com todas. Ela, absolutamente, nunca foi 'a única'!
Aahh, a tecnologia que entrega e desmascara...! Foi como ela soube dos seus outros grandes amores. E de como ele mudava depois de um tempo com cada um desse novo amor.
Então numa noite ele chegou e ela estava pronta para sair. Ele apenas resmungou que não sairiam, que estava cansado e a fim de assistir a algum filme. Ela, perfeitamente maquiada, usando um lindo e sexy pretinho básico, não esboçou qualquer reação, e finalmente pode usar a sua versão poker face enquanto, já se dirigindo à porta, dizia: "OK. Ah! Não tem nada pronto para você comer. Pede um delivery, se estiver com fome. Também não esqueça de deixar a cópia da chave embaixo da porta quando acabar de ver o filme e... não volte mais, please". Pausadamente e definitiva, finalizou: "Nunca... mais".
Deu uma piscadela e saiu empoderada sobre seu saltinho fino, também preto.
Tela: "Black Dress" ("Vestido Preto") de Victor Bauer - Pintura a óleo-2015
Via: Victor Bauer Gallery
Ela o conhecia bem. Não o sabia antes, mas conhecia cada detalhe da sua personalidade, especialmente as suas reações. Como quando lhe falava de amor, por exemplo. Aquele indefectível ar de poker face se fixava em seu rosto e ela já intuía que deveria mudar de assunto.
Entretanto, nem sempre havia sido assim. No começo as palavras de amor pairavam em cada encontro, as delicadezas eram infinitas. Flores e bombons faziam parte da rotina dos afagos. Era uma bonita história de amor, ela lembrava. Apesar de todos os carinhos, porém, ele era irredutível em suas opiniões. O que falava era o que valia, como, no jogo do bicho, vale o escrito. Ela a tudo aceitava porque os momentos do amor eram intensos e quentes. A química era perfeita, lhe dizia. E ele se sentia um macho alfa feliz.
Mas o tempo, que exibe felicidades, também mostra realidades. E por acaso ela descobriu que não era 'a única' para ele. Ainda pior que isso foi saber que a técnica usada para as suas conquistas era a mesma. Flores e bombons também foram entregues a outras mãos... muitas delas. Assim era o começo de tudo... com todas. Ela, absolutamente, nunca foi 'a única'!
Aahh, a tecnologia que entrega e desmascara...! Foi como ela soube dos seus outros grandes amores. E de como ele mudava depois de um tempo com cada um desse novo amor.
Então numa noite ele chegou e ela estava pronta para sair. Ele apenas resmungou que não sairiam, que estava cansado e a fim de assistir a algum filme. Ela, perfeitamente maquiada, usando um lindo e sexy pretinho básico, não esboçou qualquer reação, e finalmente pode usar a sua versão poker face enquanto, já se dirigindo à porta, dizia: "OK. Ah! Não tem nada pronto para você comer. Pede um delivery, se estiver com fome. Também não esqueça de deixar a cópia da chave embaixo da porta quando acabar de ver o filme e... não volte mais, please". Pausadamente e definitiva, finalizou: "Nunca... mais".
Deu uma piscadela e saiu empoderada sobre seu saltinho fino, também preto.
Tela: "Black Dress" ("Vestido Preto") de Victor Bauer - Pintura a óleo-2015
Via: Victor Bauer Gallery