Água-vida
Laguinho oásico, assim o têm; é a resistência da vida no mortume. Criancinha esperta, de pé rachado e amiga do sol, vive de brincar nessas águas rasas, mas elas só alcançam seus pés e nada além, não têm permissão. E que graça é vê-la tão contente ali. Água é a fonte da vida, eis a prova, mesmo cerceada, impossibilitada, quase, vem um filho e acaba com a morte, com o silêncio, com a falta de andança e sentimentos. Eu observo só de longe, passei a fazer quando mudaram, lá na sede, minha ordem: agora era para levar o estoque rumo Timbaúba - Acopiara já estava bem, que é meramente no mínimo - e, nessas visagens secas, dolentes, encontrei esse simples acalanto. Venho de dia, vou de tarde, sempre as mesmas imagens, dignas de nenhum deslumbre, porém, apenas essa, em sua pureza, é que vale o meu virar a cabeça e um olhar que, assim como aquela porçãozinha de água, supera a secura - em mim, das pálpebras.