A GRANDE VERDADE

A GRANDE VERDADE

Embora Antonio quisesse levar Alice ao hotel onde estava hospedado, ela pediu para conversarem, antes disso. Talvez, se não tivesse visto no celular a mensagem de Gustavo falando da saudade que ele já sentia, ela não teria repensado tudo naquele instante. E então Alice e Antonio caminharam até a cafeteria da esquina. Enquanto tomavam uma xícara de chocolate quente, ele falou:

— A partir de agora, viajo pra cá todo mês, a trabalho. A gente pode ter uma ou duas noites só pra nós.

Alice lembrou-se do último encontro com Antonio. Há dois anos, ele contara que estava com alguém. Por uma ironia do destino, a mulher era sua xará.

— Você se separou da Alice?

Com uma naturalidade desconcertante, Antonio respondeu com outra pergunta:

— O que uma coisa tem a ver com a outra?

Alice teve a sensação de ser a tal coisa que ele lançaria mão quando bem quisesse. Pela primeira vez, ela entendera o que representava para Antonio. A grande verdade era uma dor e, ao mesmo tempo, um empurrão para que seguisse em frente. Alice levantou-se e, antes de sair, encarou o homem que amara ou imaginara ter amado:

— Eu sempre tive tanto medo de te dizer adeus, mas agora não tenho mais.

No mês seguinte, ao entrar numa agência de viagens, Alice sabia exatamente o que desejava. O simpático funcionário que a atendeu começou a mostrar diversos destinos no exterior, mas durante suas férias, ela queria estar em apenas um lugar do mundo.

— Eu já decidi: Roma.

Três dias depois, Gustavo a recebeu no aeroporto da capital italiana. Ao abraçá-la, ele disse:

— Bem-vinda à minha vida.

Alice sorriu. Antonio era página virada. E Gustavo, o primeiro capítulo de uma nova história.

FIM

NOTA DA AUTORA:

ESTE É O ÚLTIMO EPISÓDIO DE UMA PEQUENA SÉRIE DE CONTOS.

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ACONTECEU NO ÚLTIMO INVERNO

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