A BOLSA VERMELHA
Do outro lado da linha, a jovem estagiária aguardava ansiosa a sua opinião sobre a ausência do nome de Conceição Evaristo no rol dos imortais da Academia Brasileira de Letras - justo no dia do aniversário da "Paulina Chiziane brasileira". Naqueles segundos de espera, aos quais a moça se submetia, ela passava os olhos no artigo, escrito durante os últimos meses, sobre o afrofuturismo e a existência de corpos negros em um futuro distante. Pela janela entreaberta, a neblina anunciava um dia frio, daqueles propícios para um chocolate quente, ou, qualquer coisa doce e reconfortante. Olhava a bolsa vermelha Carolina Herrera, que flertava de volta para seduzí-la. Pensava no crime que é a vaidade em tempos de insegurança alimentar. Era horrível ser reduzida a um único tema, ser a Wikipédia que todos acessam quando é conveniente. Tudo o que não queria ser, tudo o que criticava. A sua ficção seria reduzida a isso também? Desfiaria um incessante cordão de pérolas chorosas da infeliz história sonegada? A voz insistia por uma resposta "professora, está me ouvindo?" O discurso estava na ponta da língua, mas silenciou as palavras, simulando uma ligação perdida. Levantou-se, tomou a bolsa vermelha, e saiu. Foi atrás da coisa doce e exclusiva a que muitos nem sabem que merecem.
Adelaide Paula
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Mais uma vez obrigada pela gentileza de me ler e comentar.
Um abraço fraterno!