CONSIDERAÇÕES.

É algo estranho, difícil de explicar, no exato instante em que estamos juntos, a impressão é de estarmos distantes um do outro; quanto mais nos conhecemos, menos conhecidos somos. É explicar o inexplicável, é entender o não entendido. O amor é tudo, um pouco mais do que tudo, e ainda não alcança uma gota do que realmente é. Por tal motivo não aconselho aos corações juvenis a paixão nem o amor, talvez amar seja correr riscos desnecessários, talvez esse sentimento seja cruel e impiedoso, esmagador de todo e qualquer coração que a ele se dedique. É algo estranho, insano, insensato, a loucura do prazer absoluto. A vida calma e tranquila que pensamos ter, inverso de uma existência agitada, termina quando começamos a amar, quando finalmente nos deparamos com o amor. Esse amor cujos olhos encontram-se eternamente vendados, deverá, mesmo sem a sua visão, encontrar rumos para os seus desejos? Talvez o amor seja uma fumaça que se eleva com o vapor dos suspiros, ou seja, um oceano nutrido de lágrimas dos amores proibidos. O que mais é o amor? Diga-me você. O que é o amor? Talvez a mais discreta das loucuras, um fel que sufoca, ou doçura que preserva. Sei apenas que este sentimento é coisa estranha, da qual ninguém compreende, mesmo pensando compreender tudo não o alcança. Somos alvos fáceis das flechas envenenadas do amor, guardadas por um cupido mórbido, sombrio e sem razão. As grandes emoções oriundas da alegria ou dor, exerce tal peso sobre nós ao ponto de nos esmagar no primeiro momento, paralisando todas as nossas forças no mesmo instante.

São apenas considerações deste poeta sem nome.

Este décimo sexto dia foi calmo, o beija-flor, no entanto, aquele mesmo de outrora, retornou no primeiro luzir da aurora, junto a mim, está. Escrevo o que a alma dita no silêncio da noite, e nos enigmas de cada dia, vou me revelando em cada linha ocultamente indiscreta. Não tenho muito a dizer, são apenas considerações. Lá está ela, vestida de preto, vestes curtas, seios fartos com o decote delineado a curva interna que se encontra e se espremem. As suas é de uma beleza indescritível, é jovem, bela, um beija-flor. Anita desfila sua beleza, os amigos de repartição a devoram com os olhos, é sempre assim, sempre a mesma coisa. Depois vêm a traição, a vítima escolhida, sexo, bebidas, esquecimento. No dia seguinte nada mais importa. Lembro-me de um tempo em que Anita era apenas minha, hoje, ela é de todos e de ninguém ao mesmo tempo. Lá está ela, a viúva negra, seduz suas vítimas, e após saboreá-las, e de devorá-las, as envenenam e a deixa morrer. De alguns nada restou, quanto a mim, sou apenas parte de seu passado, sou palavra jogada ao vento, considerações.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 02/08/2021
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