A-braços
Eu não sou tipo de pessoa que abraça. Nada contra, eu até gosto. Mas, se não abraçar ninguém ou não for abraçada, não me faz tanta diferença.
Eu não sou o tipo de pessoa que quer ter alguém por perto sempre. Tenho meu quarto como um Forte a beira mar, que me protege das tempestades e ondas fortes que batem lá fora. Por vezes, olho pela janela, vejo se alguém se aproxima, mas não me importo de ficar ali sozinha.
Como Rapunzel em sua torre, mas com as chaves penduradas ao lado da porta, para sair quando quiser.
Cortei minhas tranças, não preciso delas.
Aprendi a lutar com os dragões que cercam a torre que, por vezes, eram só moinhos de vento.
Perdoe-me. Caminho, numa corda fina, entre a loucura e lucidez.
Talvez te conte um pouco, quando formos tomar um café.
Lutei com a solidão até enxergá-la como solitude.
A partir daí, a abracei e sorri com os olhos marejados.
Eu gostava de estar ali.
Mas, também gostei quando te vi sentado, a noite, na areia em frente ao mar.
No seu próprio Forte, em sua própria torre, lutando contra os moinhos de vento.
Encontrei-me em você, com as estrelas sorrindo acima de nossas cabeças.
E eu que não sou o tipo de pessoa que abraça, fiz dos seus braços um bom lugar pra ficar.