Deslembrança
O livro estava lá tinha tempos. Quanto? Tanto que no bordo de cima, que tomava o pó da estante, o branco já não era pardo, era um marrom escurecido de velho, impregnado. Então encetei a leitura. Viagem de peões, sertões, cornos e vinganças. Sempre elas, as mulheres. Umas bruxas, enfeitiçadoras. Nem cogitei que já vira aquilo tudo. Lá pelo terço das folhas amareladas, dou com um anúncio de venda de livros, impresso num papel ordinário, de tão fino nem fora notado. Era de uma feira de livros, lá na cidade onde eu morava antes. Mais de trinta anos antes. Aquele papelote parecia estar ali cumprindo o dever de marcador.