UM ANO IMPACTANTE
Dizem que a cada 100 anos, a humanidade passa por um processo de reinvenção de seus valores. Verdades incontestes são trituradas e as prioridades são redefinidas.
Egos são detonados; pretensões de supremacistas são reduzidas a pó, uma vez que diante da ameaça invisível ninguém é mais capaz que o outro. Armas e discursos odiosos de nada valem.
Ao contrário, a estupidez torna o indivíduo mais vulnerável à sua própria extinção.
As adaptações evolutivas porém, são insidiosas e muitos não são capazes de assimilá-las a tempo. Darwin já o sabia.
Eu estava entre esses ineptos...
Ironicamente, agora que estou morto, desfruto de mais tempo para usar minhas conexões neuronais fantasmas para sua verdadeira função:
PENSAR.
Impressionante como não nos damos conta do quão irrelevante para nossa sobrevivência é se preocupar com o modo de vida dos outros; suas preferências étnicas, religiosas, políticas ou sexuais.
Enquanto me preocupava com ameaças irreais fui tomado pelo que desprezei.
Agora, devidamente morto, compreendi a insignificância deste tipo de comportamento. Como fui capaz de viver sob tamanha cegueira?
De positivo, posso dizer que agora encontrei a paz. Pena que um pouco tarde.
Meu nome? Não tenho mais um...