Dia de fábula
Todas as manhãs, a jovem cumpria um ritual preciso e precioso.
Primeiro, descerrava as grades que sustinham suas janelas de castelo.
Depois, abria, silenciosamente e lentamente as persianas diáfanas.
Só aí, então, espiava adiante, além das árvores do páteo interior.
E o que passava através de suas pálpebras sonolentas e desavisadas
era sempre um voo rasante e ocasional, de volta ao ninho alto de uma árvore. Ou, o vento acariciando e levando ao chão alguma folha seca.
Este era um ritual matinal. Contudo, aquela manhã foi diferente.
O sol lhe deu Boas Vindas, piscando-lhe insistentemente e deixou-lhe nos lábios, um sorriso rubro, feliz e vivo.
Percebeu, assim, que finalmente a vida continuava.
Dentro, ou fora do castelo.