APENAS UMA PORTA.
Uma porta que se abre, apenas uma porta e nada mais…
Janete se espantou, era a porta do seu quarto que estava sendo aberta atrás de si. O ranger das dobradiças, lento, profundo, era o som da porta se abrindo, de repente, cessou o barulho, silêncio… O coração da jovem Janete batia descompassado, medo, sentiu faltar-lhe o ar, as pernas trêmulas, não conseguiu se mover, apenas sentou-se na cama.
A princípio não quis de virar para ver o que era, em seus pensamentos passavam mil coisas, das mais absurdas às mais mirabolantes, tentava imaginar o que, ou, quem poderia estar por detrás daquela porta, prestes a entrar em seu quarto àquela hora da madrugada de um turbulento fim de semana. Com muito medo Janete virou-se lentamente para o flanco esquerdo, olhando de canto de olho, em seu rápido olhar, pareceu ver o que seria dedos com luvas negras segurando a porta semi aberta. Janete quase desmaiou de medo.
Uma porta, apenas uma porta aberta, nada mais…
Janete não quis olhar novamente, fios des lágrimas nascem de seus olhos, decidiu que esperaria, já temendo pelo pior. Pensou em situações horrendas, dignas dos filmes de terror, imaginou as piores possibilidades; ladrões, ou coisa ainda . Janete permaneceu imóvel, sentia-se sufocada, tomada pelo medo. Uma brisa suave soprava-lhe nas costas, ela arrepiou-se inteira, ouviu o ranger da porta novamente, "é ele", ela pensou. "Este ser misterioso e algoz está prestes a me atacar", concluiu o pensamento. Aquele seria o seu fim, era esse o seu insistente pensamento. Janete fechou os olhos, colocou as mãos cobrindo o rosto, esperou pelo ataque. "Seja rápido", disse ela. Esperou de olhos fechados… Passados alguns minutos nada aconteceu. "Será que ele desistiu", imaginou. Relutante, virou-se novamente, não havia ninguém na porta, nem dedos, nem ladrão, ninguém, apenas a porta aberta, nada mais. Era possível ver o pequeno corredor, ao fundo uma janela que dava para rua, estava aberta.
A porta fechou-se de repente, com grande velocidade, causando um tremendo estrondo que fez Janete pular da cama. Foi então que a jovem percebeu que seu misterioso intruso, na verdade, era apenas uma janela aberta com uma corrente de ar, que fez com que ela se abrisse lentamente e fechasse com grande violência. Quanto aos dedos que abriam a porta, era tudo fruto da imaginação da jovem.
Janete ficou aliviada, fechou a janela que estava aberta para evitar novos e desnecessários sustos. Voltou ao seu quarto, dessa vez deixou a porta aberta, deitou-se de frente para porta. Ajeitou os fones nos ouvidos, colocou uma música agradável. Seus pais haviam saído, demoraria para voltar, Janete esperaria assim, de frente para a porta.
Uma porta que se abre, era apenas uma porta e nada mais...
Embora aliviada, Janete continuava a mesma medrosa de que sempre foi. Riu de si mesma, de toda aquela situação, viu que todo o seu medo era desnecessário, fantasioso na verdade, afinal, era apenas uma porta aberta, um corredor, uma janela, e uma corrente de ar, nada mais...