A SEGUNDA HISTÓRIA DE ALICE
Em mais uma noite de inverno Alice escreveria seu segundo conto. Apesar de não saber aonde a história a levaria, algo a guiava enquanto as palavras surgiam nas folhas de papel. Naquela noite, Alice se deu conta de que escrever era um mistério. Ela oscilava entre sentir-se preenchida e em seguida, vazia outra vez. Exatamente como amar Antonio: de um extremo ao outro.
O protagonista da segunda história de Alice não tinha um nome. Escolhera a letra N para se referir ao personagem que viajou o mundo e teve quase todas as mulheres que desejou. Apenas uma delas resistiu. Durante anos, N e a tal mulher tiveram longas conversas, mas sempre à distância. Paciente, ele esperou que a mulher cedesse. E quanto mais ela o recusava, maior era o desejo de N. Então, numa noite de setembro, ela decidiu encontrá-lo.
Na mesa reservada do restaurante, ele a observou. A mulher parecia ainda mais bonita, como se o tempo não tivesse passado para ela. Sentados frente a frente, N ergueu um brinde ao reencontro. No instante em que as taças se tocaram, ela disse:
— Eu nunca serei sua.
Os olhos de N ainda brilhavam ao ouvir as palavras da mulher.
NOTA DA AUTORA:
ESTE CONTO FAZ PARTE DE UMA SÉRIE QUE COMEÇA COM O EPISÓDIO "A CASA DOS SUSSURROS". PARA MELHOR COMPREENSÃO DO ENREDO, LEIA A SEQUÊNCIA DOS CONTOS.
(*) IMAGEM: INGRID BERGMAN E HUMPHREY BOGART
"CASABLANCA"
DIREÇÃO: MICHAEL CURTIZ
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
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