Aparição
A aparição de Maria estava marcada para acontecer naquela noite. O altar estava simples e magnífico, ornamentado de flores e plantas emolduradas por duas fileiras de monges que rezavam concentrados e de cabeça baixa. Por trás do altar, duas monjas seguravam fervorosamente um rosário que exibiam em sinal de fé e devoção. Entrei naquele salão para presenciar mais uma vez aquele ato. A sala estava cheia e a música celestial deu os primeiros acordes. O tom foi crescendo de intensidade até manifestar níveis de profundo entusiasmo e abnegação. Eu sentia uma certa tensão, mas ao mesmo tempo pensava na estranheza de que algo transcendental e divino precisasse acontecer com hora e data marcadas; como num programa de televisão ou outra mídia. A música atingiu o seu esplendor máximo e um casal de monges ajoelhou-se em sinal de entrega absoluta, ao mesmo tempo que olhou para o alto manifestando a vidência da aparição. O monge, muito novo e concentrado, começou a transmitir em voz alta e suave, uma versão supostamente psicografada e espiritualizada da mensagem. Olhei para trás e presenciei um mar de pessoas ajoelhadas, numa espécie de transe hipnótico. Enquanto isso, no corredor central, um cameramen percorria friamente aquele espaço em busca do melhor ângulo...