O buraco do padre
Entrei numa pequena estrada de terra pouco depois de ter saído da cidade. Diziam que por lá morava um senhor que tinha sido padre e agora morava com a família. A pequena estrada era sinuosa e perigosa, com algumas ribanceiras e muito pouco espaço de manobra. Tinha curiosidade em saber por que é que o povo chamava àquele lugar - o buraco do padre. Na entrada da casa parei o carro e pedi permissão para visitar o lugar. O padre estava à mesa com a família e fiquei um pouco constrangido quando entrei. Convidou-me para sentar e almoçar. Disse que só queria visitar o lugar. - À vontade, amigo. - Faça de conta que a casa é sua. Agradeci com um sorriso amarelo. O espaço era muito grande e havia um lago de água parada com uma pequena ponte improvisada. As galinhas, os pássaros e os mosquitos andavam à vontade por todo o lado. A mata era densa, úmida e sufocante. Passei a ponte e andei um pouco até avistar uma pequena cachoeira quase sem água. Fiquei frustrado. Tinha feito uma outra expectativa daquele lugar. Afinal, o que tinha ali de especial? Fiquei a pensar que talvez o povo tenha querido dizer que aquele ex-padre tinha escolhido morar naquele lugar inóspito e isolado (buraco) para se preservar de comentários, e/ou talvez tenha havido também uma certa malícia na escolha do nome do lugar. Decerto, para ele, o lugar era apropriado e muito interessante.