Sinfonia da tempestade
Acordei de madrugada com o barulho da chuva caindo no telhado da varanda. A chuva estava forte e parecia que as telhas se quebrariam a qualquer momento. Não consegui dormir mais. Liguei meu abajur e tentei ler um pouco, com o intuito de pesar meus olhos e trazer o sono de volta. Não consegui focar no livro, só na chuva lá fora.
Os estrondos, que os relâmpagos causavam, pareciam sinfonias combinadas com o barulho da chuva, e o clarão dos raios se assemelhava a um jogo de luzes em um grande teatro. A chuva apresentou, pra mim, uma sinfonia na madrugada.
Fiquei pensando se havia mais pessoas acordadas admirando o som apresentado. Percebi a beleza que pode haver nas tempestades. Levantei-me e, embora estivesse frio, fui movida por uma energia mais forte do que eu e dancei a canção da chuva, iluminada pela luz tênue do abajur e dos raios que cortavam o céu lá fora.
Dancei com a tempestade, até sentir minhas pernas se cansarem. A chuva diminuiu sua brutalidade e tornou-se pingos leves e singelos. Descansou junto comigo. Enquanto me joguei na cama, ela se jogou levemente sobre tudo que tinha lá fora. A insônia foi passear em algum canto desconhecido, e eu dormi com um sorriso nos lábios, após ter dançado com a tempestade.