Januário

Velho feito jacarandá. Num tempo sem tempo. Sentado à beira da chuva. Fiando vida no tear dos anos. A barba fustigada de ventos. E folhas secas.

Carne medrosa. Fome de caminhos. Sede de encanto. Viúvo de vida variada. De filhos perdidos para a distância. Sem saber se netos-semente havia.

Pendeu a cabeça. Num canto mesclado. De enxadas e facões. Nas paredes de barro. Sem sangue. Sem seiva. Sua existência foi convertida. Em fumo. E perfume. Cavalgando pastos. Nuvens. E sombras.

Mileite

Mileite
Enviado por Mileite em 13/04/2020
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