QUANDO ME CONTARAM QUE O MUNDO ACABOU
Atordoada, ela olhou para o garçom e, em seguida, para os dois clientes sentados no balcão da lanchonete. A história que ouvira era tão absurda quanto verdadeira: além deles, ninguém mais existia. Naquela noite, o mundo acabara e apenas os quatro sobreviveram ao fim.
Alice precisava encontrar um sentido:
— Por que só nós quatro sobrevivemos?
Um dos clientes respirou fundo, e disse:
— Olha bem pra nossa cara. Você acha que alguém aqui tem a resposta?
A aflição da mulher era evidente. Andando de um lado para o outro, ela repetia sem parar:
— O que a gente vai fazer?
Irritado, o outro cliente retrucou:
— Você ainda não entendeu? Não há mais nada lá fora.
Alice parecia exausta ao sussurrar mais uma vez:
— O que a gente vai fazer?
Naquele exato instante, o garçom que bebia sem qualquer moderação porque não haveria amanhã, ergueu o copo de uísque e disparou:
— Como vocês são chatos. Um brinde ao silêncio.
(*) IMAGEM: "NIGHTHAWKS"
EDWARD HOPPER
http://www.dolcevita.prosaeverso.net
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