O homem que não chorava
Naquela noite ele tivera mais um daqueles sonhos. Nesse, sonhara que o seu coração estava sendo preenchido por cada sorriso que ela dava. Ele contara uma velha história sobre sua infância, distorcendo algumas partes para ela soar mais cômica. Quanto mais ela ria, mais ele se sentia vivo. Quando amanheceu, um fio de luz que saía da fresta da janela do seu quarto estava mirado em sua pálpebra esquerda e o calor do fio o trouxe de volta daquela utopia. Confuso. Sua alma se perguntava para onde fora aquela sensação de ainda há pouco. Demorou para entender que tudo tinha sido um sonho. Abriu a janela, com uma certa sede de justiça, para ver o culpado. E fora naquela manhã que suas primeiras lágrimas raiaram diante daquele solstício de verão.