A ENCOSTA...
 
Sentou-se bem no meio da estrada na velha encosta. A encosta era extremamente intrigante e ela tinha a síndrome do pensamento acelerado.  Por isso, pensou ao mesmo tempo  na frondosa árvore ali ao lado , cujos galhos queriam varrer o chão  da encosta;    pensou no avô Fortunato a quem chamavam de Natinho, subindo a encosta meio curvado em cima do cavalo, o chapéu de lebre e o inseparável colete de flanela xadrez;  pensou no velho Jeep e como era preciso ligar a tração das rodas para subir a encosta em dias de chuva;  pensou na enchente do Rio Paranaíba que há anos cobriu toda a encosta... E pensou finalmente que fazia parte daquele pó branco que cobria  o chão da encosta naqueles dias de julho, das folhas secas e gravetos aqui e ali;  dos barrancos recortados e o capinzal seco às margens...
Embora seguisse sempre, pedaços de história iam ficando assim pelo caminho, pela encosta... 




 



A imagem sou eu  na velha encosta em julho de 2019 na roça de meu pai.