série: diálogos | Só fica aqui! Só fica comigo!

Já passava das duas da manhã. Era, bom, já era meu aniversário e aquela mensagem... Aquela mensagem. Era satisfação que eu queria. Depois de tanto tempo. Tanto tempo! Ela não tinha o direito, então fui.

Estacionei em frente ao seu portão, e saí do carro. As luzes de um dos cômodos estavam acesas. Eu fiquei em frente à casa por minutos, sem me importar em ser vista, sem me importar com nada. Quando a vi da janela, foi assustador. Ela parou pra me olhar, se virou, pegou algo, e veio em direção ao portão. Não sorri, não chorei... Só esperei.

— Oi...

— Oi!

— Feliz aniversário!

— Você...

— Eu o quê?!

— O que quer dessa vez?

— Eu nada.

— Por que faz isso?

— Sinto muito!

— Não sinta, eu já disse! Me esqueça! Eu estava bem. Eu estava muito bem.

— Eu sei. Eu sei, desculpa!

— Meu Deus! Não tem nenhuma explicação? É isso?

— Amor, eu... Não. Não, não tem! É isso!

— Meu Deus!

Eu dei as costas e saí. Revirei o bolso da calça atrás da chave, e fui em direção ao carro. Me dei conta de algo e voltei.

— Você me ama? Por favor, não brinca comigo! Você me ama?

— É claro que eu te amo! É lógico que eu te amo!

— Então, por quê?! Por que não me mostra? Por que... Por que é assim? Por que tem que ser assim?

— Amor!

— Você me machuca. Gostar de você me machuca!

— Não é fácil. Eu sei que não é, só que...

— Só que...

— Meu Deus, eu te amo tanto! Eu te quero tanto!

Me beijou e foi como se abrissem meu peito. Era sentir tudo e nada ao mesmo tempo. Era saber tudo e nada. Amar mais e menos. Só que... Como eu a amo! Como é confuso. Como sentir isso me enlouquece.