Cafezim...?

Vivaz, tez morena e verticalmente desafiado, Jorge, a despeito de tanta adversidade e até mesmo indiferença, chegou ao topo da carrière diplomatique. Se veio a saber ou não do apodo que, jocosa ou carinhosamente, lhe devotavam os chers collègues, permanece uma incógnita para muitos que o recordam nos convescotes do grand - et du petit - monde...: Café Pequeno.

Ele próprio era dono de um fino e cortante senso de humor, ainda que por vezes, et pour cause, como um gato acuado, parecesse mais enfezado. Mas era um homem muito culto, lido, autor de primorosos textos em suas mensagens protocolares à Secretaria de Estado, sobretudo quando tratava de evidenciar seus interesses mais imediatos.

Por uma única vez vi-o sair de sua habitual compostura, por sinal, alinhada e garbosa, quando chegou à Embaixada numa manhã de abril, em mangas de camisa, com a indumentária de um golfista, bonezinho y compris, e...pasmei-me, um apito à boca, gesticulante como um imperial árbitro de futebol... Enquanto cogitava uma saída de emergência vim a saber, a tempo, que se tratava da data de seu aniversário. Desnecessário dizer que não fui incluído no jantar celebração que teve lugar, logo mais, na elegante Residência Diplomática.

E essa figura, pequena e notável, figurez-vous!... tinha um filho que lhe saíra à imagem e semelhança, seguindo os passos do pai. Até no epiteto:

Ristretto!

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 07/11/2018
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