A noite se aproxima
Os últimos raios de sol incidem por cima das casas. Todos sabem que aquela será a última noite. Preparam uma festa para a despedida. Muita comida e bebida, é assim que todos querem terminar. Bêbados e de barriga cheia.
Junto com as sombras da noite, vem também as pessoas se aproximando da casa do prefeito. Será lá o banquete derradeiro. Não poderia ser diferente. Afinal, que casa caberia tantas pessoas? Quem poderia bancar tamanha festa? Apenas ele teria recursos para isso.
As pessoas iam chegando animadas, de certa forma. Quando não há alternativas, o jeito é conformar-se e aproveitar o que resta. Eles tinham aquela noite e mais nada. Beberiam e comeriam até se fartar. Ninguém sabia ao certo como seria o fim, mas sabiam que seria naquela noite. As profecias não mentem. Todos os estudos apontavam para aquele dia. A noite se aproxima e com ela, o fim.
Todos juntos na mesma casa. Os ricos e os pobres do lugar. O prefeito, o delegado, o juiz e suas famílias. Os feios e os bonitos, os casados e os solteiros. Ninguém estava de fora. Até os mais tímidos vieram. Até os que comiam pouco, comeram muito. Os que não bebiam, extrapolaram e foram os primeiros a tombar.
A noite chegou, e a festa prosseguiu até quase o amanhecer. A luz do sol iluminava corpos espalhados pelo jardim e pelas calçadas. Dentro da casa, havia gente caída pelo piso de azulejos e sobre os sofás e até em cima das camas de diversos quartos. A profecia se cumprira. Aquela noite fora a última daquelas pessoas. Todas estavam mortas, umas porque comeram demais, outras porque beberam demais, e algumas porque fizeram as duas coisas em excesso.
O dia já seguia o curso natural, enquanto o silêncio vagava pelas ruas deserta do lugar. A noite chegara ao fim.