A Solidão No Claustro(6)

Todas as vidas parecem ser iguais no claustro, mas não são. Elas variam de sensibilidade, gosto, ações e outras coisas. Carlos logo viria a descobrir isso. Ele pensava que todos viviam igualmente em um mosteiro, mas não era esse o caso. Carlos havia sido uma pessoa que tivera uma vida social agitada, brilhante, extrovertida. Ele era um verdadeiro homem gregário e não se permitia nunca a solidão, mas nos últimos dois anos, mudara completamente. E então decidiu ir a um mosteiro onde foi bem aceito. Logo, aprendeu todas as tarefas e o que mais gostava realmente depois de copiar livros, era ficar em sua cela o máximo de tempo possível. Todos admiravam que ele realmente estava conseguindo viver uma vida totalmente diferente da que tivera. Muitos achavam que ele iria embora em uma semana, ou um mês. Mas não foi este o caso. Passados dois anos, Carlos foi subindo no que se pode chamar de hierarquia dos solitários. Muitas tarefas lhe eram dadas, e ele sempre se regozijava em cumpri-las. Porém no ano seguinte ficara cada vez mais recluso, e os irmãos se preocuparam muito, mas sabiam que ele viera para ter uma vida pacífica e calma, e não uma vida atarefada como tinha no passado. Carlos adoeceu, ficou tísico e não saía mais de sua clausura. Os irmãos sempre o alimentavam e o ajudavam. Ele relembrou em seu último dia de vida todos os lugares que havia estado, e contava aos irmãos que adoravam ouvir as histórias. Carlos morreu em um dia frio de inverno, e todos lamentaram sua morte. Enterraram-no no mosteiro mesmo, e depois de dois meses um quadro foi pintado em sua homenagem.

Martin Schongauer
Enviado por Martin Schongauer em 28/09/2018
Reeditado em 18/10/2021
Código do texto: T6462203
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.