O Telefonema
Na vida dela: Uma hora e meia sentada ali a esperar uma ligação. Samanta no início não estava propriamente tomada pela ansiedade. Pensou que Carlos estava atarefado no trabalho. Depois pensou que algum amigo ou familiar precisou dele. Mas daí não poderia lhe ligar? Avisar que não poderiam conversar naquele momento, mas que falariam mais tarde. Após começou a buscar motivos para ele desistir dela. Será que foi o sexo? Será que ela deveria ter cedido mais aos seus pedidos? Será que aquele comentário sobre o candidato a Presidente dele e que ela desdenhou o magoou? Pensou então por fim, que se fosse por algo tão banal suas razões ele bem que poderia sumir mesmo. Ora, um sujeito se ofender por tão pouco. Nesse momento deixa de lado o celular e vai assistir seu YouTube favorito e pensa: - Que se foda Carlos. Ele não me merece mesmo.
Na vida de dele: Passou a tarde toda resistindo em mandar uma mensagem para ela. As flores e o vinho foram muito bem escolhidos. Tinha tudo em mente. Sairia correndo para casa. Ligaria para Samanta no caminho e diria para ela que em 60 minutos um motorista (Uber) passaria lhe apanhar e a levaria até sua casa. Lá estaria ele. O kitnet todo decorado. Insenso, música "Low Fi" tocando. Termina o expediente ele acelera o passo. Na calçada saca o celular e começa a buscar o número de Samanta. Digita na agenda: S...A...M...ZZZZZZZZHHHHHUARRRRRZZZZZZZZZZZZZZZZZZ.. ....................................Carlos apenas sentiu um fisgão na cabeça. Bala perdida. Antes de morrer, numa fração de segundo viveu a eternidade de um amor interrompido.