OUTRO ASSALTO

Novamente fui assaltado. Mas desta vez estava no banho. E alguém entrou de supetão, com um revólver na mão. Dizendo, é um assalto! Levanta as mãos para o alto. Onde está o dinheiro guardado? Mas como não sou assutado, me fiz de surdo e lhe disse: Não estou ouvindo nada, fale mais alto. Ele repetiu mais forte. Levanta as mãos que é um assalto. Aí que eu me fiz de sonso. Disse espera aí. Deixa eu por o meu aparelho de surdez. Me alcança aqui. Está aí, atras de ti. Ele olhou e não viu nada. Mas acreditou na minha surdez. E com o dedo ainda fez, sinal de neca de pitibiriba, tem nada aqui não. Perguntei, posso baixar as mãos? Pelo menos pra me vestir e botar a mão no bolso, pra pegar algum dinheiro. Não é isso que você quer? Ainda bem que era um ladrão de araque, bem inexperiente. Permitiu que eu me vestisse. Me vesti rapidamente, e ele com a arma apontada. Mas como sou policial experiente, apesar de aposentado, vi que a arma era de brinquedo. E pensei assim: coitado! Enfiei-lhe a mão na cara, e ele saiu porta a fora. Nem dei voz de prisão nem nada. Até porque se o prendesse, não adiantaria de nada. Pois foi apenas um sonho, desses que às vezes eu tenho, quando esqueço de rezar antes de dormir. Acabei tendo que rir.