Gula

Tinha um gosto tão grande pela vida, que sentia como se pudesse devorá-la. Não sabendo, porém, como lamber a lua, abocanhar nuvens e beber o oceano, consumia com voracidade sorvetes, bolos e refrigerantes. Aos médicos dizia que não se exercitava, mas caminhava todos os dias na praia ou no parque, momentos em que sentia como se estivesse a devorar o mundo. Às vezes, sem saber porque, chorava. E comendo churros secava essas lágrimas, que raramente eram de tristeza.

Fernando Armando Ribeiro
Enviado por Fernando Armando Ribeiro em 18/08/2018
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