DEPOIS DAQUELA NOITE
Lavantou num susto. Quando deu por si, estava na cozinha, procurando água para beber. Sentia-se ressequida por dentro como se um orgânico Saara fosse. A noite tinha sido difícil, permeada de dores e taquicardia. Nem recordava quantas pílulas tinha tomado, talvez o suficiente, pois não sentia mais nada. Como o frio crescesse a sua volta, desistiu da água e voltou para o quarto. Foi quando deu com seu próprio corpo no leito da cama, bem acomodado. E, por trás de si, três portas devidamente trancadas. Ainda tentou voltar ao cárcere de sua alma, mas não houve jeito. Estava definitivamente morta.
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