Moyashi
Paula Himura me convidou para almoçar em sua quitinete e me serviu uma salada de broto de feijão; produção própria, alertou com um sorriso no rosto. Olhei em torno. O apartamento tinha exatamente três cômodos: um salão, dividido ao meio por um biombo para separar o quarto da sala (onde estávamos), banheiro (que também servia como área de serviço) e cozinha.
- Não estou vendo um quintal onde possa ter plantado isso... ou foi no telhado do prédio?
- Em copos - ela exibiu um copo de plástico, de 500 ml. - Estou plantando moyashi em copos.
Ela comprara as sementes de feijão moyashi numa loja especializada em artigos japoneses. A "plantação" ficava sobre uma mesa no quarto: seis copos de 500 ml numa bandeja. Não era preciso grande investimento para que as sementes germinassem e ficassem prontas para consumo, fora trocas regulares de água.
- E em quanto tempo o moyashi está pronto para virar salada?
- Uns quatro dias, em média.
Não era muito tempo, ponderei.
- Quem diria que eu viraria fazendeira, morando numa quitinete? - Riu-se ela.
- Fazendeira, tudo bem - respondi, servindo-me de mais salada. - Você só não pode virar latifundiária...
- Eu não produzo apenas para consumo próprio... a minha plantação cumpre função social - arguiu, dando-me uma piscadela.
- Sou testemunha disso - acedi.
- [25-02-2018]