Cedinho, e Cidinha...
Papai era mais de ninar a gente, com o seu infalível "Meu galo quebrou o bico...", mas agora, a nos despertar de um sono que ainda ia levar bem mais umas duas horas, naquele 14 de novembro de 1957, só podia ser novidade...
E era, começada assim, suave, com aquele ar de bonança:
- Venham conhecer a irmanzinha nova de vocês...
E fomos conhecer aquela bebezinha rechonchudinha, aloiradinha que quebrava uma série de 3 varões, e restabelecia a igualdade na contagem do meninas e meninos. A alegria estampada no rosto cansado, mas extasiado, de mamãe dizia tudo.
E aí veio a determinação de papai: ia levar-nos, Zé, que acabara de perder a caçulagem, Beu e eu ao Migué de Soza pra comprar umas galinhas pra canja que tudo rearranja...
O Migué vivia afastado, já depois do confim do Brumado, num sitiozinho cercado de mato fechado. E o mais gostoso desse venturoso ato foi cruzar, pisando nas pedras um translúcido regato...sem ao menos molhar o sapato...
Mais surpresas estavam por vir: com as galinhas à solta pela pastagem, não me lembra se rodilans, ou ligornes, dois obedientes e diligentes cães, numa facilidade indescritível, encarregaram-se de as imobilizar, a um mero comando de Maria, a um só tempo filha, e sem-sorte do pai, (que vimos a saber só anos depois) que nem estava ali, ainda escornado pela garrafada da véspera. Pena Maria não ter invocado a proteção daqueles seus amigos fiéis como remédio contra o assédio.
Canja mesmo voltar pra casa todo bravateiro com os pequenos arranhões, e com tanta história pra contar...