Madre Teresa
Na parte mais recôndita de um convento das Carmelitas Descalças, isolada no seu quarto, uma madre superiora tentava em vão acertar a linha com o buraco de uma agulha, puxou para a frente os óculos de grossas lentes, umedeceu a ponta da linha com a língua e se preparou para uma nova investida, quando enfim julgou que fosse acertar com o buraco, deu com tudo com o dedo anular na ponta da agulha, na hora uma gorda gota de sangue se fez presente e instantaneamente junto a um grito de dor escapou também um sonoro palavrão:
-CARALHO!!!!!!!!!!!!!!!!
E não contente, outro:
-PORRA!!!!!!!
Depois ficou chupando o dedo, sentindo o leve gosto de ferrugem do sangue que brotava.
Da janela onde ficava o seu claustro, olhando o vale verdejante até onde sua vista alcançava, disse pra si mesma, quase triunfante:
-Já estava com saudades dos meus palavrões...
Dito isso teve uma ideia, esquecendo-se momentaneamente da costura em que estava metida, pegou do seu rosário e foi contando todos os palavrões que se lembrava, um a um, até os mais cabeludos, quando viu tinha dado um rosário completo deles, não teve como não rir da coincidência.