Madre Teresa

Na parte mais recôndita de um convento das Carmelitas Descalças, isolada no seu quarto, uma madre superiora tentava em vão acertar a linha com o buraco de uma agulha, puxou para a frente os óculos de grossas lentes, umedeceu a ponta da linha com a língua e se preparou para uma nova investida, quando enfim julgou que fosse acertar com o buraco, deu com tudo com o dedo anular na ponta da agulha, na hora uma gorda gota de sangue se fez presente e instantaneamente junto a um grito de dor escapou também um sonoro palavrão:

-CARALHO!!!!!!!!!!!!!!!!

E não contente, outro:

-PORRA!!!!!!!

Depois ficou chupando o dedo, sentindo o leve gosto de ferrugem do sangue que brotava.

Da janela onde ficava o seu claustro, olhando o vale verdejante até onde sua vista alcançava, disse pra si mesma, quase triunfante:

-Já estava com saudades dos meus palavrões...

Dito isso teve uma ideia, esquecendo-se momentaneamente da costura em que estava metida, pegou do seu rosário e foi contando todos os palavrões que se lembrava, um a um, até os mais cabeludos, quando viu tinha dado um rosário completo deles, não teve como não rir da coincidência.

NÁSSER AVLIS
Enviado por NÁSSER AVLIS em 24/11/2017
Reeditado em 28/11/2017
Código do texto: T6181367
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