O experimento

- Maxwell provou que a luz é uma onda - declarou o professor para uma plateia de estudantes silenciosos e atentos. - E que outro tipo de onda podemos associar corriqueiramente com fenômenos físicos? Ondas sonoras, naturalmente! Ora, sabemos que o som não se propaga no vácuo... ele necessita de um meio material para se mover. Ocorreria o mesmo com a luz? Foi postulada então a existência de um meio através do qual a luz se difundiria... inclusive no espaço sideral. Denominamos "éter" a este meio.

Apontou com uma varinha para um diagrama desenhado com giz colorido na lousa às suas costas.

- Neste experimento, partimos do princípio de que a velocidade da luz variaria de acordo com a sua direção em relação ao meio circundante... se ela vai contra ou a favor da correnteza, fazendo uma analogia com um nadador num rio. Dependendo da sua direção no éter, a velocidade da luz deveria aumentar ou diminuir... só que nós não observamos este resultado nas várias tentativas realizadas!

Fez uma pausa para tomar um gole de água do copo que estava sobre sua mesa, e prosseguiu:

- E então, a que conclusão chegamos? Que a velocidade da luz é uma constante... e que não há ponto de observação privilegiado para a medição de um evento. Tudo é relativo!

Um estudante nas últimas fileiras levantou a mão.

- Pois não, Sr. Capshaw.

- Professor Michelson... os resultados do seu experimento me fizeram lembrar uma conversa que tive com um funcionário do escritório de patentes de Berna, no verão passado... ele sugeriu que a luz se propaga, mesmo no vácuo, com uma velocidade definida e constante, a qual é independente do corpo que a emite, prescindindo assim do "éter" como substrato. E também me disse que pretendia transformar a conjetura num postulado, e publicá-la para revisão por pares...

- Parece notável - aprovou o professor. - Um funcionário do escritório de patentes, você disse? E qual o nome do rapaz, para nosso conhecimento?

- Einstein, professor. Albert Einstein.

- [22-09-2017]