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Ôna entrou na caverna com os pés ainda úmidos da areia recém-molhada pela chuva. Fora até as margens do lago cumprir a missão que lhe fora dada pela irmã mais velha, !Qhàn: recolher duas fíbulas de babuíno.
- Você demorou - disse !Qhàn ao vê-la entrar.
- Foi a chuva! Tive que esperar diminuir...
Sentou-se no chão junto da irmã, pernas cruzadas, e entregou-lhe os ossos. !Qhàn examinou-os com atenção e depois pegou uma lasca de quartzo afiada que estava ao seu lado.
- Vou lhe ensinar como fazer... da mesma forma que mamãe me ensinou.
Exibiu uma das fíbulas e começou a fazer incisões nela, cuidadosamente, enquanto ia falando.
- Você divide o osso em três partes... à esquerda, estão quatro grupos, com 19, 17, 13 e 11 marcas. Se você somar, vai dar 60, certo?
Ôna não estava bem certa se havia entendido, mas como a explicação não terminara, respondeu sem pestanejar:
- Certo.
- Na parte do meio, você cria oito grupos. A soma das marcas de cada grupo devem totalizar um mínimo de 48 e um máximo de 63, certo?
- Hummm... certo.
- Vai ficar mais fácil de entender na hora de usar, eu prometo! - Riu !Qhàn. - E finalmente, do lado direito você grava quatro grupos, cada um contendo 9, 19, 21 e 11 traços. A soma deles é 60.
Levou algum tempo para fazer todas aquelas marcas. Finalmente, !Qhàn exibiu o produto acabado.
- É isso!
Ôna segurou a fíbula cuidadosamente.
- E... eu vou poder calcular o meu ciclo menstrual com esse osso?
- E as fases da Lua também! Não é maravilhoso?
Ôna virou a fíbula de um lado para o outro.
- Como pode isso? Um osso de babuíno... parece mágica!
A irmã abriu um sorriso.
- Não é mágica... é o poder das mulheres!
- [13-09-2017]