Minha sábia sabiá que sabia
Quando eu era criança, ganhei de presente de Natal uma sábia sabiá que sabia das coisas da vida. Assim que nos vimos, logo percebemos que havíamos nascido um para o outro, pois, durante muito tempo, passamos a viver em um mundo de cantos e encantos: ela cantava, eu me encantava. Um dia, porém, sem dinheiro para comprar comida para a minha avezinha, acabei tendo que vender a gaiola vazia.
Assim que tomou conhecimento da sua nova realidade, a minha sábia e sibilante sabiá, sentindo-se ultrajada por não permanecer mais engaiolada, emudeceu. Dali a poucos dias, eu presenciei a apoteose: deu alguns pulinhos em cima da mesa da cozinha e, em seguida, desviveu. — Morreu de queda da própria altura.