Em certa manhã, adentra a delegacia dois homens, nitidamente dois homens do mar.
     Cada um deles com pouco mais de 1.50 de altura cada um, parrudos, mais ou menos 40 anos de idade, aparentando uns 65, pele cor de bronze, cabelos negros já agrisalhando, feições belas, embora já um pouco encolhidas pelo sol... A típica cara do macho pescador nordestino!
     Foram logo dizendo:
     _ Dotô, nóis veio aqui prestar um B.O.
     _Dê quê? perguntou o macanuto aprendiz de puliça.
     _ As muié de nóis foi imbora dotô!
     _Ah... Me desculpem... Mas aqui não se resolve mais estas coisas... Sabem como é né? Isso é coisa de justiça comum. E tem mais, se as esposas dos senhores não querem mais estar casadas com vocês, vão viver suas vidas! Elas tem o direito de viverem com outros homem...
     _Dotô...
     _Num tem dotô não rapa! Eu já disse!
     _Mas...
     _ Que mané mais! Não tem mais e nem meio mais! Vão viver a vida de vocês ora bolas!
     _Aí que tá seu dotô, me ouva por gentileza!! Disse um dos pescadores já veio invocado... Agente veio aqui só para perguntar a vocês se já que a minha muié me deixou e fugiu de casa para vever com a muié dele, se tem problema dele vir morar e vever mais eu, já que a gente também se gosta. Só isso, o sinhô entendeu?
     O jovem policial sem saber onde enfiar a cara de bunda, limitou-se a dizer: 
     _ Não senhor! Vou providenciar agora mesmo o seu B.O. de Abandono de lar de ambas, ambos, sei lá... Assim, todos poderão serem felizes para sempre!