CONVERSA AO PÉ DO ... FOGÃO
 
O dia já tinha começado bem enfarruscado, mas para D.Lili ficou mais ainda ao deparar com o preocupante estado de ânimo da sua querida Edileuza.
- Edi, você de novo com essa cara, minha filha. Aconteceu o que, mulher de Deus?
- Tô sim, patroa e não é pra menos, sabe! Num é que aquele...aquele MONSTRO do tal de Mindinho, guarda-costas do Dr. Francisco, o da farmácia, ficou me olhando de cima pra baixo e de baixo pra cima, com uns olho marvado que eu até fiquei arrupiada...
- Mas, escute Edi, você ficou “arrupiada” do jeito que acontece quando o Arlindo funga na sua nuca ou diferente?
- D. Lili, num tem nem comparação; o bafo daquele moleque é quentinho, mas os olhar do negão, dissero que ele se chama Craudionor, é mais gelado que os mármore do IML
- Edi, é Claudionor e, convenhamos, é bem mais simpático do que o seu apelido, que deveria ser mudado para Gorila, Armário, Avalanche, Jamanta ou coisa igual!
- É isso mermo que a senhora disse e o danado continuou me olhando duma manera que eu perdi até o rebolado e fiquei cum vontade de correr...de sumir da frente dele!
Os óio dele parecia o fogo do Inferno e o bandido ainda teve a corage de sorrir e piscar pra mim, Deus me livre! E o pior, D.Lili, é que o negão é vascaíno, o meu Miro, Botafogo, o Arlindo, Framengo, e o Dr. Francisco, Fruminense e o Será, pra ficá bem com todo mundo, diz que é Bonsucesso desde pequenininho.  A senhora já maginou o que vai acontecê na biboca do Será, quando juntá essa turma toda?
- Nem pensar, Edi, nem pensar, mas se o seu querido Miro não botar fogo na canjica a coisa vai se limitar a divagações  político-filosóficas que acabam caindo no vazio e o resto fica por conta das “louras geladas” que o pulha do Será vai empurrar na turma!
-Mermo sem entender metade do que a senhora disse, sei não, patroa, o meu Miro quando se invoca fica pior que o capeta e o meu maior medo é a figura daquele tal de Mindinho, que já espremeu as costela dele por causo de nada.
- Mas o negão tem mesmo razão de olhar e piscar pra vc, Edi, exclamou o Dr Carlos Eduardo, assomando à porta da cozinha.
Foi o bastante para a coitada da Edileuza desaparecer rumo á área de serviço e esconder-se no quarto de empregada, relembrando aquele fatídico dia em que o Dr,Caloduardo  “examinou as coisa dela”!
- Cadu, isso é maldade com a pobre moça, tenha dó e deixe a menina em paz homem de Deus!
-Mea culpa, mea culpa – resmungou Cadu e foi saindo rapidinho da cozinha.
- Pode sair, meu bem, ela já foi embora.
- Que bom, patroa, agora fica só nós duas – afirmou Edileuza, sem desgrudar o olho da porta.
- Edi, você tem que parar com isso! O Cadu é médico e os médicos são criaturas especiais, entendeu?
- Sei, sei, sim senhora ... mas ele tombém é homi e os homi é tudinho igual - exclamou a Edileuza, repuxando a pálpebra do olho direito num gesto universal de desconfiança.
- E-di-leu-za, gemeu D.Lili, deixando cair os braços e volvendo os olhos para o céu!
 
 
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Imagem - Internet
paulo rego
Enviado por paulo rego em 07/05/2017
Reeditado em 07/05/2017
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