Lembrança de Carnaval.
Claudia, loira bela de meia idade, assistia aos desfiles de carnaval na TV. Confortavelmente deitada no sofá, mexia freneticamente no celular. As vezes pegava o controle remoto e trocava de canal. A sua frente, deitada sobre o tapete e almofadas estava sua filha.
A jovem olha para a mãe e diz: “mãe, posso ir com as amigas amanhã pular carnaval? Mãe, você gostava de pular carnaval? Tem alguma lembrança de algum carnaval que a marcou?” A mãe responde: “Isto é um interrogatório? Quando completar 18 anos você poderá pular carnaval. Sim, eu gostava de pular. Sim, teve um carnaval que jamais me sairá da lembrança, mas não quero falar deste assunto?”.
Após breve silêncio a jovem retoma a conversa: “Você sempre me disse que podemos falar sobre qualquer assunto, lembra? ” Contra a vontade Claudia balança a cabeça afirmativamente e a guria aprofunda a conversa: “Você transou com alguém neste carnaval que não lhe sai da lembrança?” Surpreendida com a pergunta a mãe diz: ”que é isto, guria? Sou sua mãe.” A menina responde:” Você sempre me deu liberdade para falar de qualquer coisa, estou esperando”.
Contrariada, a mãe responde: ” Estava com umas amigas pulando o carnaval e conheci um belo rapaz. Quando o vi meus olhos brilharam e percebi também brilho nos olhos dele. Não nos largamos durante os quatro dias e no quarto dia para nos despedirmos, transamos”. A jovem pergunta: “A transa foi boa? Há quanto tempo foi e onde você pulou este memorável carnaval?” Tensa, a mãe responde: “Sim, a transa foi ótima, aliás, não foi uma transa e sim um maravilhoso ato de amor”. Foi há 17 anos e estávamos em Pernambuco.
Silêncio total. A mãe, desconfortável com a conversa, olha para a guria de 16 anos que parece pensativa. Claudia percebe que a guria descobrira qual era a lembrança marcante e o motivo de seu nome ser Olinda.